quinta-feira, 8 de dezembro de 2011

O Trono de Deus


O TRONO DE DEUS – APOCALIPSE 4

A verdadeira adoração é, umas das maiores necessidades da vida da igreja. Adorar é atribuir valor (Ap 4.11; 5.12), é usar tudo o que somos e temos para louvar a Deus por tudo o que Ele é e faz. Uma das definições mais brilhantes que já li sobre adoração é de William Temple:

"Adoração é a submissão de todo nosso ser a Deus. É tomar consciência de sua santidade; é o sustento da mente com sua verdade; é a purificação da imaginação por sua beleza; é a abertura do coração a seu amor; é a rendição da vontade a seus propósitos"

Uma vez que o céu é um lugar de adoração e o povo de Deus o adorará por toda eternidade, deveríamos começar aqui na terra. O texto de Ap 4 certamente nos ajudará a entender melhor como adorar a Deus e dar a glória que lhe é devida.
ADORAM AO CRIADOR

Uma das palavras chaves deste capítulo é trono: é usada doze vezes neste capítulo. Aliás, trata-se de uma palavra chave no Apocalipse, em que aparece quarenta e  cinco vezes. O trono é um lugar de honra, autoridade e julgamento. Todos os tronos da terra estão sob a jurisdição desse trono no céu. Aquele que criou todas as coisas, está no controle de tudo e levará a história para uma consumação final, onde Ele e sua amada noiva sairão vitoriosos. O trono de Deus é o verdadeiro centro do universo. Que bom saber que o trono que João viu, não está na terra, mas sim no céu! William Hendriksen, ilustre comentarista bíblico afirma:  “O universo na Bíblia não é geocêntrico, nem heliocêntrico, mas teocêntrico".
Assentado no trono - O Deus Todo-Poderoso (vv. 2, 3a)

Para uma igreja perseguida, torturada, martirizada esta é uma mensagem consoladora: saber, que o seu Deus está no trono (Is 6.1; Sl 99.1)  A referência é a Deus o Pai, pois o Filho aproxima-se do trono em Ap 5.6, e o Espírito é retratado diante do trono em Ap 4.5.  Notemos que aqui, não há descrição do trono, nem da pessoa que está assentada nele. Por que? Porque Deus é indescritível, nenhuma palavra no mundo, pode descrever quem Deus é. Nenhum lexicógrafo conseguiria expressar quem Deus é. O que João viu quando olhou para o trono só pode ser descrito em termos de brilho, e pedras preciosas. João diz que Ele é semelhante, no aspecto, a pedra de jaspe (a mais cristalina, a mais pura, sem nenhuma mancha). É o nosso diamante. Há uma abundância de luz que emana dessa pedra.  E de sardônio (cor vermelha, a mais translúcida que existe). João vê beleza, riqueza, abundância de luz. Deus é luz e Ele habita em luz inacessível (I Tm 6.16). A pedra de jaspe (branca) descreve a santidade de Deus e o sardônio (vermelho) o seu juízo. Tal é Deus, santo e justo!
Circundando o trono - um arco celeste (vs 3b)

O arco celeste aqui não é apenas um arco, mas um círculo completo, pois no céu todas as coisas são completas. Nunca use a expressão " arco-íris", como vejo alguns falando. Irís é uma divindade do Egito. Deus não divide a glória Dele com ninguém.  O arco celeste lembra a aliança de Deus com Noé (Gn 9.11-17), simbolizando sua promessa de jamais destruir a Terra com um dilúvio. Mais adiante, Deus firmou sua aliança não apenas com Noé, mas com toda a criação.

Normalmente o arco celeste aparece depois de uma grande tempestade, mas aqui, ele aparece antes dela. O que a Bíblia quer nos ensinar com isto? Porque a graça de Deus sempre antecede o julgamento. Foi o que  o profeta Habacuque clamou:
" [....] na tua ira lembra-te da misericórdia" (Hc 3.2). Para os filhos de Deus a tempestade já passou, porque Cristo deu a si mesmo para nos resgatar do dilúvio do juízo.
Ao redor do trono - os anciãos e seres viventes (vv. 3,4,6,7)

O arco celeste circundava o trono em plano vertical, enquanto aqui os seres viventes o circundam em um plano horizontal. João vê que ao redor do trono, há também, vinte e quatro  tronos. Esses tronos estão ao redor e não no centro. Deus está no alto e sublime trono.

João vê assentados neles, vinte e quatro anciãos. Assentado fala de uma posição de autoridade e poder. A igreja tem a honra não apenas de ser salva, mas também de reinar no céu e ser assistente de Deus no Seu julgamento (Mt 19.27-28; I Co 6.2). Fomos constituídos reis e sacerdotes (Ap 1.6). Os sacerdotes estavam divididos em 24 turnos (I Cr 24.7-18). Aqui somos divididos em igrejas, denominações. Mas no céu seremos uma só igreja: os que foram lavados pelo sangue do Cordeiro. Agora você deve estar perguntando: Quem são os 24 anciãos assentados em tronos?  Os 24 anciãos representam o povo fiel de Deus, a "igreja do Velho e Novo Testamento" - a igreja dos patriarcas e apóstolos, a totalidade da igreja de Deus na história. Eles estão vestidos de roupas brancas [justificação] e usando coroas de ouro [glorificação]. Portanto, aqui é uma visão não do que é, mas do que há de ser, ou seja, a igreja plena, como será na glória, adorando e louvando a Deus diante do trono, nos céus.
Também ao redor do trono, João viu quatro "seres viventes". São semelhantes aos querubins da visão do profeta Ezequiel (Ez 1.4-14; 10.20-22), mas seu louvor (Ap 4.8) traz à memória os serafins de Isaías 6.  Warren Wiersbe, profícuo comentarista lança luz sobre estes seres: “Os rostos dos seres viventes são paralelos à declaração de Deus em Gn 9.10 - O Senhor firmou sua aliança com Noé (“ rosto como de homem”), com as aves (" semelhante à águia"), os animais domésticos ( "semelhante ao novilho") e os animais selváticos ( "semelhante a leão"). Outros estudiosos como Arthur Bloomfield pensa que eles ilustram o retrato quádruplo de Cristo nos evangelhos. Mateus é o evangelho do Rei ( o leão). Marcos enfatiza o Senhor como servo em seu ministério ( o novilho). Lucas apresenta Cristo como o Filho do homem, repleto de compaixão. João magnífica a divindade de Cristo, o Filho de Deus ( a águia).

Por fim, o nome que essas criaturas proferem - "Senhor Deus, o Todo Poderoso" - enfatiza o poder de Deus.  Estes quatros seres viventes proclamam sem cessar a santidade, a onipotência, e a eternidade de Deus (Ap 4.8)
 
Saindo do trono - sinais de tempestade (v. 5a)

"Do trono saem relâmpagos, vozes e trovões". São sinais da aproximação de uma tempestade e lembranças do poder tremendo de Deus (Ex 9.23, 28 ; 19.16). Esses “sinais de tempestade se repetirão durante o julgamento, sempre vindos do trono e do templo de Deus (Ap 8.5; 11.19; 16.18). Sem dúvida, Deus já preparou seu trono para o julgamento (Sl 9.7; 77.18)”.

O mundo não gosta de pensar em Deus como um Deus de julgamento. As pessoas preferem ver o arco celeste ao redor do trono e ignorar os relâmpagos e trovões. Sem dúvida, ele é um Deus cheio de graça, mas sua graça reina pela justiça (Rm 5.21). Essa realidade ficou clara na cruz, onde Deus manifestou seu amor pelos pecadores quanto sua ira contra o pecado.
Diante do trono - as tochas de fogo e o mar de vidro (vv. 5b, 6)

As sete tochas dão idéia de plenitude e simbolizam o Espírito Santo de Deus (Ap 1.4, Ez 1.13). O céu não tem um templo no sentido material. O céu como um todo é santuário de Deus para os que servem diante de seu trono santo (Ap 7.15). O mar de cristal puro simboliza a santidade de Deus, contrastando com Is 57.20
 

Louvores ao que está assentado no trono - (vv 9-11)

Sempre que os seres viventes glorificam a Deus, os anciãos prostram-se diante do trono para adorar o Senhor. O livro de Apocalipse é repleto de hinos de louvor (Ap 4.8-11; 5.9-13; 7.12-17; 11.15-18).

O tema deste hino é Deus, o Criador, enquanto em Apocalipse 5 os anciãos louvam a Deus, o Redentor. Apocalipse 4 é dedicado ao Pai no trono, enquanto Apocalipse 5 é dirigido ao Filho (o Cordeiro) diante do trono. O louvor de encerramento (Ap 5.13) é voltado para ambos, outra prova irrefutável da divindade de Jesus Cristo.

A criação dá testemunho constante do poder, da sabedoria e glória de Deus (Sl 19). Reconhecer o Criador é o primeiro passo para crer no Redentor (At 14.8-18; 17.22-31). Tudo foi criado por meio Dele e para Ele. Ele é antes de todas as coisas (Cl 1.16,17).

Infelizmente o ser humano pecaminoso adora e serve a criatura em vez do Criador, praticando, desse modo a idolatria (Rm 1.25). O homem lançou a criação no pecado, de modo que a criação boa de Deus (Gn 1.31) hoje é uma criação que geme (Rm 8.22); mas, por causa da cruz, um dia ela será liberta e se tornará a uma criação gloriosa (Ap 8.18-24). Amém!

Caro leitor [a] se você foi edificado com este texto, poste seus comentários. Terei a grata satisfação de recebê-los.

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